Mensagens : 429 Data de inscrição : 09/09/2009 Idade : 38 Localização : Alcabideche
Assunto: Movimentação Táctica - CQB Sex Set 11, 2009 8:04 am
Entenda-se, pois, que o Combate/Confronto em Ambiente Fechado nada mais é do que a acção conjunta e tácita de grupos – especializados e devidamente treinados para tanto – em locais onde o elemento surpresa é preponderante.
Os ambientes internos desfavorecem tais operações, pela quase sempre falta prévia de conhecimento da planta do local, inexistência de cobertura, pequeno espaço nos cómodos para movimentação e principalmente a ampla possibilidade de emboscada. São construções, residências, vielas estreitas, escadarias, etc., onde a visibilidade é diminuída por obstáculos tais como muros, paredes, portas, janelas, e tudo quanto ao mais impossibilite a plena visão periférica do local.
Em situações tais, prevalecerá sempre o bom senso, a rigidez mental e física, e mais do que tudo, as aplicações técnico-tácticas do seu aprendiz e treino constante. O Jogador não age isolado, mas com mentalidade de grupo, com força de uma equipe que antecipará, sempre, todos os movimentos da própria equipe e da força adversária. Como ponto inicial, a POSTURA do jogador necessita de um enfoque todo especial. Em situais CQB, deve-se adoptar uma postura ofensiva, o que certamente virá a tornar o tempo de reacção do operativo muito menor em relação a qualquer situação. A arma deverá estar segura por ambas as mãos, na altura dos ombros/olhos, fazendo-se a mira normal de combate. Os dois olhos abertos permitirão que o jogador tenha uma visão completa de todo o perímetro, fazendo uma varredura em todas as direcções, na altura das miras da sua arma, o que se chama de "táctica do terceiro olho".
Deve ser lembrado que, ao se passar por vãos, janelas, portas ou quaisquer tipos de abertura, devemos sempre baixar a arma, trazendo-a junto ao seu corpo, ainda em postura ofensiva, evitando que por deslize ela lhe seja arrancada das mãos por um oponente escondido do outro lado.
É primordial esta postura ofensiva, evitando-se os fantasiosos estilos de combate de filmes "enlatados", onde se vê o completo descaso de actores em arremedo de policiais, mantendo as armas em seus coldres abertos, ou apontadas para baixo, para cima ou para os lados. Tais posturas – ditas defensivas – podem ter usadas em outras situações que não sejam CQB, mas deixam a desejar quanto à necessidade de sobrevivência do jogador.
A MOVIMENTAÇÃO do jogador em sede de CQB deve ser feita com extrema cautela, no maior silêncio possível, preferencialmente com comunicação visual (gestos preestabelecidos) entre a equipe. Deve-se evitar o cruzamento das pernas ao andar, o que poderá ocasionar perda de equilíbrio em um momento crítico.
Passos seguros, silenciosos e firmes são recomendados, tentando sempre usar a protecção de paredes, barricadas ou escudos. Deve evitar se o uso de bonés ou chapéus de abas largas, que impossibilitem um deslocamento seguro. Utilizando-se bonés, devem estar com a aba voltada para trás, facilitando a visão e o deslocamento.
Movimentação em corredores, a atenção da equipa deve ser redobrada. Não existe muito espaço, e a possibilidade de protecção torna se restrita. A existência de uma rota segura de fuga será praticamente nula. A flexibilidade de movimentos e a rapidez em ultrapassar tais locais são questões importantíssimas para a sobrevivência da Equipa. Em manobras desse tipo, as equipas (formadas por dois, quatro, seis ou, no máximo, oito elementos) devem estar compactos, formando um verdadeiro "caminho de cobra", uma fila (ou duas, dependendo da largura do local) em que o primeiro elemento estará dando protecção aos demais, que estarão "escondidos" atrás do seu próprio corpo. A reacção do elemento de frente, em face de qualquer acto de agressão do(s) oponente(s) deverá ser imediata, efectuando uma verdadeira "barragem" de disparos que venha a facilitar um seguro posicionamento dos demais integrantes da equipa.
Nestas situações, é aconselhável que o elemento de frente esteja com um equipamento de alto poder de disparo, sendo desaconselhável para seu uso armas com disparo " manual " pela baixa cadência de disparos. Entretanto, estando o primeiro elemento a usar um escudo balístico, pode posicionar-se defensivamente, dando protecção aos companheiros de trás.
Ao último integrante da equipa, que estará fechando a linha, é dada a missão de garantir a segurança de todos contra um eventual ataque ou emboscada pelas costas da equipa. Deverá este "elemento-segurança" da equipa, avançar de costas, visualizando a parte de trás do ambiente já percorrido. Para tanto, deverá empreender treinamento árduo neste sentido. Uma boa técnica é aquela em que encostará suas próprias costas nas costas do companheiro logo a sua frente, permitindo não perder o contacto com o resto da equipa, mantendo assim sua compactação.
Em escadas, é sempre mais fácil combater de cima para baixo, pois perde se muito menos tempo descendo uma escada do que ao subi-la. Além do mais, o jogador poderá fazer com que o oponente tenha uma via de escape, proporcionando a sua captura por outros jogadores aliados que eventualmente estejam do lado de fora do prédio. Subindo, o jogador irá encurralar o oponente, forçando-o a enfrenta-lo.
É importante salientar que muitas escadas possuem cortes de ângulos rectos, o que dificulta a visualização do que está por trás. Desta forma, utiliza-se as técnicas já descritas para se operar com maior segurança, devendo-se sempre manter a arma como o seu "Terceiro Olho".
Durante confrontos armados, especialmente em situações de combate em recintos confinados, o controle sobre a retenção da arma, é de suma importância. Todo atirador sabe que, durante qualquer situação envolvendo o manuseio de armas, devemos estar 100% cientes para onde está apontado o cano da nossa arma. Ou seja, apontada para o chão num ângulo de 45 graus (Posição Sul).
Existem duas técnicas mais adequadas às situações de rotina, que devem ser preferidas às "entradas dinâmicas". São elas a "Israeli Sweep" e "Quick Peek".
Israeli Sweep
Consiste em utilizar-se o "terceiro olho", onde o operativo deve esgueirar em postura ofensiva rente à parede, estancando a um metro da porta ou entrada. Então, bem devagar, deverá se deslocar para o lado, passo a passo, visualizando cada vez mais o ambiente interno do aposento que se pretende adentrar, aumentando seu ângulo de visão até obter a varredura do todo o perímetro. É uma técnica muito segura – embora lenta - que permite o retorno imediato a um local de segurança em caso de imprevisto.
Quick Peek
É mais rápida e arrojada, porém menos segura. O Jogador que a adoptar deverá possuir excelente visão, acima do normal, e agilidade especial. Consiste em posicionar-se o operativo atrás de uma parede que ladeie a porta ou entrada, bem rente desta, e jogar rapidamente a cabeça para fora da protecção, visualizando o local, retornando imediatamente à segurança. Se fizer a primeira em pé, deverá repeti-la agachados, evitando assim denunciar a sua localização para o oponente.
O momento crucial de qualquer operação CQB é aquele em que antecede a entrada em outro aposento. Usualmente, não se sabe que tipo de obstáculo, construção ou localização de móveis se encontrará do outro lado. A possibilidade de um ou mais oponentes estarem alojados em tal cómodo, à espreita, é uma possibilidade. Deve-se, na maioria das vezes, evitar uma "entrada dinâmica". Estas entradas têm sua aplicação em casos especialíssimos, onde a acção deva ser rápida, de varredura.
Após obter a visualização completa do ambiente a ser penetrado, chega-se a fase de efectiva ENTRADA no aposento. Duas técnicas são utilizadas hoje pela maioria dos grupos especializados em CQB: a denominada "Israeli Limited Entry" (Entrada Limitada Israelense) e a "Crisscross" (Entrada Cruzada).
Israeli Limited Entry
Pressupõe-se que, após a visualização inicial, tenha-se verificado com quase 100% de certeza que o cómodo esteja vazio. Neste caso, o operativo deverá utilizar-se de uma entrada rápida, posicionando apenas a cabeça e o tronco fora da protecção, visualizando o ambiente, assim ficando até fazer a varredura – com a arma e utilizando-se da técnica do "terceiro olho" – do local. Após a confirmação de que está "limpo", prosseguir na operação. Entretanto, a técnica mais utilizada e mais eficaz é a conhecida como "Crisscross".
Crisscross
Deve ser realizada aos pares, nunca individualmente. Consiste na entrada rápida e fulminante de dois, quatro ou seis jogadores no aposento, cada par aproximando-se de lados opostos da entrada, em situação de postura ofensiva e em segurança. Após a varredura inicial (visualização feita por ambos em qualquer um dos métodos indicados) devem penetrar no ambiente, cruzando-se na entrada, posicionando-se em lados opostos, com as costas na parede, varrendo efectivamente todo o local. Caso seja a técnica executada por dois ou três pares de Jogadores, o primeiro par deverá adentrar o recinto e posicionar-se rente ao chão, agachados, permitindo que as demais duplas possam fazer a cobertura pelo alto e por trás.
Pensem nisto pessoal
É importante observar que as equipas tácticas sempre devem actuar em pronta condição de combate. Assim, durante um assalto táctico, necessariamente as armas devem sempre estar destravados e prontas. Dessa forma, é importante atentar, já que se trata de equipe em alinhamento e proximidade, para duas regras básicas em entradas tácticas:
Dedo sempre fora do gatilho. Qualquer que seja o mecanismo de projecção, só ocorrem disparos se o jogador/atirador pressionar a tecla do gatilho. Evita-se assim desperdício de munição, aumenta-se a segurança, pois trata se de equipe alinhada, e reduz acidentes tácticos, pois um disparo antecipado, ainda que não fira seu companheiro, poderia alertar aos adversários acerca da presença do grupo oponente às proximidades;
TEAM STACK
1. A movimentação envolvida na condução da equipa é muito importante. Esse é o momento em que o grupo está mais vulnerável. Por isso, é necessário o completo silencio e segurança em torno do grupo.
2. O primeiro operativo do grupo deverá manter a sua arma em posição de alerta.
3. O segundo operativo do grupo, em silencio, posiciona se atrás do primeiro operativo até o ponto onde eles se encostam mas não se empurram. O segundo operativo deverá manter a sua arma na posição apoiada no ombro, com a sua mão de apoio fica apoiada no ombro do primeiro operativo. Esse contanto permanece até que seja dado o sinal de prontidão. O segundo operativo mantém o seu olhar por cima do ombro do primeiro operativo para garantir que ninguém comprometa o grupo. O segredo do grupo é estar agrupado e utilizar o timming adequado para se mover pelo ponto de entrada como uma unidade única.
4. O terceiro, quarto operativo, etc., deverão posicionar se da mesma maneira que o segundo operativo.
Nota: A. Se o primeiro operativo estiver na posição de tiro de mão direita, o resto to grupo deverá espelhar a posição dele e permanecer na mesma posição.
B. O Líder do grupo deve estar em uma posição para melhor controlar o grupo. O assistente do Líder do grupo deve estar na ultima posição da fileira.
Após a equipa estar preparada, o Líder iniciará a acção da entrada com uma contagem regressiva. Os operadores terão, cada um, sua função específica durante a contagem baseado nas suas posições. Essas funções irão alterar se dependendo se uma granada será usada ou não na entrada. O líder pode interromper a qualquer momento a contagem se existir qualquer problema com a granada ou arrombamento (quando utilizados). A contagem é feita como abaixo:
"Cinco":
"Quatro":
"três": Activação da granada (quando utilizada)
"Dois": Porta é arrombada (quando utilizada)
"Um": A equipa não deve ouvir isso
“Execute, Execute, Execute”: A equipa executa a entrada táctica.
Ao entrar em um ambiente confinado existem 5 passos que devem ser seguidos em ordem para dominar com sucesso esse ambiente. Eles são:
1. Limpar a entrada. Isso é feito por um contacto visual, procurando por obstáculos ou armadilhas. Quando a entrada for iniciada o operativo precisa de ultrapassar a entrada do ambiente.
2. Limpar a área imediatamente posterior a entrada. Isso é feito ao entrar no ambiente, se um ocupante, ou perigo ou obstáculo está no caminho de sua posição dominante, este precisa ser removido.
3. Limpar os cantos. Assim que entrar no ambiente, sua prioridade, com um ou dois homens, deverá ser limpar os cantos da sala.
4. Faça a varredura do seu perímetro de tiro. Enquanto procura estabelecer uma boa posição dominante, Você deve varrer o perímetro de tiro a partir de 2 metros do operarivo mais avançado no ambiente.
5. Estabelecer uma posição dominante. Qualquer posição dominante deve estar fora do túnel fatal (entrada do ambiente confinado) e pelo menos a 60cm da parede.
Nota: O Túnel Fatal de Tiro é um cone imaginário que começa no centro da entrada do ambiente confinado e se estende de 60cm a 1m para os dois lados da entrada. Esse é o ponto em que um ocupante atiraria se uma entrada fosse feita no ambiente. Isso é ainda mais provável se a sala estiver escura e a entrada iluminada pela lanterna táctica do operativo.
Técnica do Muzzle Laser: Em qualquer operação táctica, seja ela em treino ou combate real, jamais um operador deve apontar a arma para o parceiro, nem que seja num breve instante de movimentação! Para evitar tal mal, elaborou-se a Técnica do Muzzle Laser, que nada mais é do que o treino e adestramento no uso de Armamento e movimentação táctica, simulando que na ponta do cano de cada arma existe um poderoso feixe de Laser, capaz de seccionar alguém em seu caminho. Com isso, cada operativo, ao lembrar que tem um laser poderoso na ponta (fictício) sempre abaixará o cano da arma ao cruzar com qualquer um parceiro à sua frente, mesmo que seja o parceiro que lhe cruze a frente em meio a operação!
É um trabalho de puro adestramento e consciência que visa diminuir a incidência de fogo-amigo!
Ordem de Entrada: É sempre preferível que a equipa de assalto entre no cómodo do mesmo lado das dobradiças da porta, porque eles terão a própria porta à princípio como escudo de protecção (senão físico, visual). Justamente por isso, o primeiro elemento entrará sempre na direcção oposta à dobradiça, sendo que o segundo homem, fará a cobertura do ângulo da porta, inclusive sobre o que está atrás dela. - Os elementos 01 e 02 são responsáveis pela cobertura de seus respectivos sectores, iniciando uma busca do canto para o centro... sendo que os elementos 03 e 04 são responsáveis pela cobertura mais avançada, uma vez que terão a sua retaguarda guardada pelos elementos 01 e 02!
Identificação de Elemento Hostil: Depois da entrada táctica, cada elemento entra no cómodo com a única intenção de identificar elementos hostis e neutraliza-los no menor tempos hábil possível! Desta feita, em qualquer momento, assim que um elemento hostil é identificado, o Operante da frente deve partir imediatamente ao enquadramento do hostil - mesmo que este não esteja em seu quadrante de responsabilidade - e o Operante de trás, cobre também imediatamente o sector que o primeiro operante não pode rastrear por estar ocupado na tarefa de enquadramento! Isso quer dizer que... sempre que alguém entra no cómodo... independentemente da sua direcção, o operante de trás deve automaticamente cobrir a direcção oposta! A entrada táctica é algo dinâmico e está sujeita a alterações à qualquer momento, justamente pelo factor adversidade. Por isso cada equipa deve treinar intensamente variadas situações, para estar apta e enfrentar estas adversidades e ainda cumprir de forma satisfatória a sua missão!
Velocidade: Em entradas tácticas, ninguém corre... o passo e firme e contínuo, mas não corrido. Isso acontece porque quando se entra, precisa-se de firmeza para o enquadramento dos hostis, e em corrida, a chance de sucesso é consideravelmente reduzida, além de ampliar-se as possibilidade de quedas com o abalroamento de móveis e estruturas.
Tentei traduzir este artigo o máximo possível... Espero que sirva de alguma coisa.
Abraços
Xolas
Farmhouse
Mensagens : 142 Data de inscrição : 09/12/2009 Idade : 31 Localização : Carnaxide
Assunto: .. Sáb Dez 19, 2009 3:44 pm
Excelente tópico, cumps
xolas Admin
Mensagens : 429 Data de inscrição : 09/09/2009 Idade : 38 Localização : Alcabideche